Um lugar de tentativas...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Luzes! Ação! Troca-se uma vogal por um olho bom.

Poema-pulmão



Sonhava com um poema pulmão
Um sopro e o relógio do tempo se vai
Façamos silêncio então
E com a boca cheia de ar seguramos
um minuto,dois, dezesseis
Qualquer borrifada e vai-se uma memória, a perna gorda de uma hora
O braço mecânico de um minuto
Quando eu disser já!
Ou é melhor no contar de 3?
Vamos lá, que tem jeito
Como meninos birrentos nós todos , bochechas escarlates, prendendo o ar
Segurando o tempo
Eu vou primeiro, e você me segue
Com 2 terços da população de Goiás ganhamos um dia
Com 24 milhões de brasileiros quem sabe uma semana
O tempo é tolo. Eu, um bicho orgânico.
Ele, canhão abstrato, fazendo eterna sesta...
Disparo o fim desse verso
O fim do poema
Se ao menos você tivesse tentado comigo...

Metafísica humilde

Entre pesos desmedidos,
vai-se a vida,
descabelada
com os olhos grandes de ver melhor
Atrás das caras e das cortinas
pronta pra meter susto
Por dentro dos punhos
bate...
fora dos ventrículos fora de si
desaforada


Vida era isso...
pegar sessão das 9
comer bombom
cobiçar João
fingir que se engana a morte
escabrúxula, incogniscível, omni-in-un-mente-ada
Era coisa mesmo só pra doutor entender, debater, publicar
e a gente fazer espera
manso que só

Ode aos tubérculos


Escrever sobre o que?
Da morte, do amor, da guerra
De tudo já falaram
Eu, com só 22 anos e um desvio de coluna
Não pude dar meu parecer no assunto
Tudo que é belo e universal esses homens barbudos antes de mim já cobriram
Apontaram suas lunetas poéticas e dissecaram tudo que viram pela frente
Biópsia do olho de tudo.
Agora era preciso ser moderno pra fechar a ferida
Falemos de batatas então, porque de maçãs e morangos a poesia está cheia
O mar, a mulher, o homem, o eu, tudo já foi discutido
Deixa isso pra lá menina...
Fazer poesia sobre o que? E me deram uma lista de palavras proibidas
Como Ivanete, minha professora da terceira série
Não fale de nuvens, de flores, de campos
Não diga encantador, fascínio, pedra, amante, coração, sentimento, árvore
Mas não fique em silêncio. Esse também já passou. Pergunte aos concretistas.
Vou escrever sobre batatas! Pastosas, amarelo-tétano e ótimas para a gastrite
Ahhh, batatas no almoço de domingo. Todos nós engolindo batatas gordas sem pensar na morte
O que é o amor sem batatas fritas, assadas, cozidas, temperadas com extrato de tomate?
E a vida toda, pesando sobre as batatas da perna...

Versinhos de fazer rir...

Era uma vez um amor
Tão humilde e franzino
Pequeno como um botão
Um amor tão fraquinho
De pernas rasas e tortas
Que ia assim cambaleando pela rua

De tanto tentarem esticar o coitado
Morreu.
Falência total dos órgãos.
Mas dizem que era de bom coração